quarta-feira, 4 de novembro de 2015

10:27 AM


dividi uma lágrima com o desconhecido
e ela caiu num rio de desespero
tão negro quanto a alma dos que não sorriem
tão comprido quanto os dedos de meu amado
e num abraço apertado ele me engoliu 
água brincando para sempre em meus pulmões 
as cores dos meus gritos não iluminam 
o caminho no qual caio eternamente 
tão lento que o vejo num sonho
um sonho limpo e incrivelmente vívido
meu amado me acompanha para sempre
é a água que não me deixa respirar
e o rio de desespero some em minha garganta
ele corre em minhas veias, as aquece
meu sangue pesa manchando meu rosto
não há paz nessas terras vermelhas
que dançam sobre meus pés
que mancham o pequeno branco
que não denunciam que eu sangro
e o vermelho se liberta pelos meus olhos
desce, escorre, desvive
essa última lágrima divido com o desconhecido