domingo, 20 de dezembro de 2015

4:29 PM




a morte aqui jaz
em meus lábios
incapacitada
nos meus braços
eu foragida
eu mal querida
e corvos que devoram
pedaços em pedaços

não há monstros
se alimentando de mim
não há esperança
se possuindo de mim
não há guia
que me diga onde ir
não há intuições
que me façam confiar

ela grita para mim
implora sem pedir
em correntes fracas
pele desgastada
águas a englobam
num azul puro
sem sangue a derramar
sem sangue a percorrer
sem sangue para viver
um espírito desfeito
fruto de mitologia

eles gritam para mim
quando passo
quando me desfaço
pretos e sem voo
carregados de peso
vivem em desespero
nesse castelo
meu castelo
almas partidas
sem pós vida
fruto de mitologia

tem carrosséis
tem arranha-céus
nesse castelo vazio
tem diferentes cores
mais que três amores
e não há dimensões
nesse lugar não-plano
e não há possibilidades
num mundo sem fim

fomos devorados
ela diz
na tentativa de perfeição
de bela geometria
em poliedros circulares
acabamos com milhares
nossa queda
sem dinastia
havia somente uma menina
comandando exércitos
gritando guerras
que deveriam ser vencidas
dentro de mentes
nossas mentes
todas dos que mentem

nenhuma guerra foi vencida
dezenas de consciências
foram perdidas
e vários túmulos foram criados
para dar um fim
nas mentes dos que sobraram
talvez essa força
seja a verdadeira natureza
e a perfeição
seja somente uma consequência
fruto de mitologia

a morte aqui jaz
no meu túmulo
no meu castelo
no meu rosto
nesse amarelo
que as flores carregam
que ponho no meu descansar
nesse lugar sem dimensões
sem possibilidades
coberto de sonhos
e gritos incensáveis
de mentes que batalham
contra si
por palavras
que disse e insisti

eu grito para eles
sou apenas uma garota
com muitos em minha mente
controles que são controlados
e gritos que nunca são gritados
caminho por entre os corvos
pretos e que não voam
aprisionados e desesperados
numa mente que é minha
todas essas mentes são minha
apenas fruto de mitologia