quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

10:19 PM



       Descansar num lugar estranho nunca pareceu mais fácil. Mesmo que o sofá não seja grande o suficiente para nós dois, mesmo que nunca achemos uma posição confortável para ambos. Você adormeceu no meu peito e nossa respiração é tranquila como esse amanhecer colorido que eu vejo por cima de seus cachos. Talvez haja paraíso afinal.
        A TV soa baixinha longe de mim. E eu observo as constelações que preenchem sua pele, que tão facilmente se contrapõe a minha e a aquece. Minha mão continua fria, mesmo estando por debaixo de sua camisa, mas meu coração derrete liberando o que parece morfina pois me alegra e esvazia toda a dor que corria pelo meu corpo.
       Seus lábios, praticamente num biquinho, questionam todas as minhas ações; incluindo o programa de TV que passa em cores por meus olhos. Como que alguém pode quebrar um coração como o seu? Um coração tão simples e puro, um espelho com nada a esconder e com tal moldura que me encanta eternamente, com algumas manchas e falhas, mas que continua a reluzir uma áurea tão clara.
       Você me puxa quando finalmente acorda, me dá um beijo e vai tomar café. Ri de como o amargo dele combate meu doce e depois acaricia meus cabelos. Num paradoxo de olhares, que sempre parece melhor que qualquer conversa, confesso o que já sabia faz tempo: que mesmo indo embora, algo em mim sempre fica preso, Numa estante, num travesseiro, num beijo que não deveria ter sido desfeito.
Sou tua ate no espaço sideral isolado que é minha mente numa noite sozinha e cosmo nenhum consegue liberar essa euforia que fica dentro de mim quando seu nome dança em meus lábios ou quando sua boca acorda meu sistema nervoso, fazendo milhares de estrelas clamarem por suicídio. Você finalmente me solta para o mundo, mas minha mente continua presa naquele olhar que você me deu faz cinco minutos.